Edição #14
Lisboa, 2011
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PINTURA GREGA REPRESENTANDO UM ERASTES E UM EROMENOS, 480 AC
TAGS: cultura, filosofia, lgbt, lugares
“DKANDLE tece paisagens sonoras transcendentes vibrantes e multicoloridas, misturando texturas Shoegaze difusas e reverberantes, meditações Dream Pop hipnotizantes, tons Grunge lamacentos e tensões Post-punk temperamentais, intensificadas com lirismo comovente e vocalizações emotivas e pensativas”
A prática de relações homoeróticas entre dois homens na Grécia Antiga estava ligada ao treinamento militar e à inicialização dos jovens na prática da cidadania. A evidência mais antiga dessa prática vem de um fragmento escrito pelo historiador Ephorus (c.405-330 BC), onde narra a história de um antigo ritual que ocorria em Creta no sétimo século AC onde homens mais velhos iniciavam homens mais jovens em atividades viris como a caça, participação em banquetes e, e presumivelmente, em relações sexuais também.
ERASTES CORTEJANDO EROMENOS, SEC. VI AC
As maiores fontes artísticas e literárias sobre a prática da "educação pelo amor" encontram-se na poesia arcaica, nas peças de comédia de Aristófanes e de outros como Eurípedes, Ésquilo e Sófocles, nos diálogos de Platão e em pinturas em vasos. Foram principalmente nas escritas de Platão onde o tópico do amor entre homens foi abordado com mais vigor. Em seus diálogos, Platão via essa relação como uma meta espiritual mais elevada do que o contato físico e a procriação entre homens e mulheres.
Os três famosos diálogos de Platão – Lisias, Fedro e Banquete - narram conversas imaginárias e algumas vezes irônicas sobre relações eróticas entre homens. Muitas destas passagens descrevem este tipo de relação como paiderasteia (pederastia) - ou seja, o amor erótico e ativo de um homem adulto por um adolescente belo [a palavra paiderasteia é derivada de pais (rapaz) e eran (amar)]. Nas Lisias e no Banquete, Sócrates (protagonista dos diálogos) é caracterizado como o amante de um adolescente, Alcebíades. Para Sócrates, (homo)eros era a procura por propósitos nobres em pensamento e em ações.
CAMPEONATO DE BEIJOS, C.510 AC
VASO COM HOMENS E JOVENS, SEC. IV AC
Apesar do termo "pederastia" ser considerado pejorativo atualmente, na Grécia antiga o termo não carregava tal conotação negativa e era empregado no contexto de uma relação erastes-eromenos. Nesta relação, esperava-se que um homem mais velho (o erastes ou amante, geralmente barbudo e de alta posição social), procurasse e conquistasse um rapaz (o eromenos, ou o amado) e incutisse nele o entendimento e o respeito pelas virtudes masculinas de coragem e honra.
ERASTES E JOVEM MÚSICO, 460 AC
A maioria das informações visuais que possuímos sobre os costumes e hábitos da prática da pederastia grega chegaram até nós através de pinturas em vasos. Estes vasos eram produzidos em grandes quantidades por artesãos locais e exportados para toda a região do Mediterrâneo. Muitos eram vendidos para uma clientela de classe média e alta, e geralmente carregavam cenas pintadas à mão de deuses, mitos, feitos heróicos, ou imagens da vida cotidiana.
HOMEM E EFEBO, 460 AC
Muitos deles, datando dos séculos V e VI AC, mostram homens mais velhos conversando com mais jovens, oferecendo-lhes presentes, tocando em seus órgãos genitais, ou abraçando-os. Algumas vezes, inscrições curtas eram aplicadas ou a palavra "kaios" (belo) aparecia precedida pelo nome de um adolescente favorito.
HOMEM OFERECENDO PRESENTE A UM JOVEM, C. 530-430 AC
HOMEM E JOVEM INICIANDO INTERCURSO INTERCRURAL, C.500-480 BC
Ao atingir a idade de dezoito anos, um eromenos tornava-se um erastes e esperava-se que ele se casasse com uma mulher, tivesse filhos e tomasse um papel ativo na procura por um homem mais jovem. No entanto, a imposição de tais leis sociais rígidas geralmente eram transgredidas. As maiores transgressões eram a prática do sexo oral e anal. Estas atividades eram consideradas como abaixo da dignidade de cidadania masculina ateniense e eram reservadas para mulheres, prostitutos e prostitutas, estrangeiros (chamados de bárbaros pelos gregos) e escravos.
ORGIA DE SÁTIROS, C. 500-470 AC
Tais práticas eram associadas a atividades bestiais comumente representadas em vasos exibindo sátiros ou outras criaturas mitológicas. Os sátiros (seres mitológicos metade-homem, metade-cabra) eram o símbolo do conflito entre o homem civilizado e seus desejos animalizados sem controle.
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