No momento em que eu escrevia estas linhas, eram 23 horas e 13 minutos do dia 11 de agosto de 1999: nesse dia houve o último eclipse do milênio!, só visto no Hemisfério Norte. Tinha um monte de gente falando em apocalipse pra lá, fim do mundo pra cá, e eu não aguentava mais ouvir falar de Nostradamus, bomba em Paris, anti-cristo, blá-blá-blá... Bem, o mundo não acabou, e, como era óbvio, essas "profecias" foram desmascaradas como puro engodo. Mas mesmo assim, ainda ouvimos muitas pessoas dizerem - veementemente - que o mundo acabará em 2012...
“DKANDLE tece paisagens sonoras transcendentes vibrantes e multicoloridas, misturando texturas Shoegaze difusas e reverberantes, meditações Dream Pop hipnotizantes, tons Grunge lamacentos e tensões Post-punk temperamentais, intensificadas com lirismo comovente e vocalizações emotivas e pensativas”
O problema é que tem MUITO sensacionalismo por trás disso tudo... Seria ótimo se todo mundo soubesse distinguir o que é verdade e o que não é, mas o fato é que a grande maioria das pessoas se deixa levar pelo que é dito. Isso ocorre em todas as áreas: na política, no jornalismo, na religião... Alguém diz que algo é verdade, as pessoas não investigam e aceitam aquilo porque a maioria das outras pessoas toma aquilo como verdadeiro, então deve ser verdade mesmo... É esse tipo de atitude que deve ser repensado.
Nem tudo que você ouve e lê é verdade. O que você lê nos jornais e na Internet, ouve no rádio e vê na TV quase sempre está transmitindo informações distorcidas. Dos pequenos aos grandes, dos alternativos faça-você-mesmo às grandes corporações, todo mundo tenta puxar brasa para a sua sardinha! E para conseguir fazer com que os outros "embarquem na sua", muitos recorrem ao mau uso de táticas retóricas.
O MAU EMPREGO DA RETÓRICA
A retórica é considerada uma ciência; se bem empregada, pode trazer benefícios à quem dela se utiliza. A retórica é a arte de falar bem, de convencer as pessoas a aceitarem uma ideia. Não há nada de errado com o uso da retórica - é ela que faz a diferença entre um texto interessante e um texto chato. Os grandes líderes sempre usam de muita retórica nos seus discursos. No entanto, ela costuma ser muito mau empregada. Nessas situações, o intuito é "enganar" as pessoas, fazendo com que elas se deixem arrastar pelas aparências, através do uso de falácias (argumentos que parecem ser logicamente bem estruturados, mas que não são verdadeiros) e também através da persuasão, cuja finalidade é conquistar a atenção do interlocutor através de palavras de efeito e de fala bonita, ou também às vezes através de fala enérgica, agressiva - é tipo um espetáculo, onde o público fica absorvido por aquele transe. As pessoas são levadas muito facilmente pela emoção, então se identificam muito e acham tais palavras e atos muito atrativos.
A retórica não está interessada necessariamente em dizer a verdade: o seu real interesse é convencer, às vezes custe o que custar. Um bom argumento deve ter relações de consequências entre os enunciados; eles devem estar articulados, devem "ter a ver". A retórica não pode ignorar essa regra, se quiser ser bem empregada.
A retórica muitas vezes induz as pessoas a pensarem de tal ou tal maneira, sendo "levadas no papo" através de táticas psicológicas com o uso de discursos enfeitados. Muitos imaginam que alguém fala bem quando fala bonito, mas não é bem assim... É o dogmático quem mais se deixa levar pela retórica mau empregada, pois o dogmático tem uma crença ingênua na capacidade do homem, e assim é mais facilmente levado a crer em coisas que vão frontalmente contra a lógica.
A retórica é muito utilizada por políticos, que jogam com ela o tempo inteiro. O mesmo acontece com os pastores evangélicos. Todos aqueles pastores, quer sejam de programa de televisão ou não, sabem muito bem dos efeitos vantajosos do uso da retórica e por isso bombardeiam o telespectador com nomes pomposos e frases de mobilização que causam alto impacto, tais como "Fogueira Santa", "Sessão de Descarrego", "Manto da Prosperidade", "Domingo da Paz Familiar", "Dia da Benção do Trabalhador", "Rosa do Amor Eterno", "Unção com o Óleo da Saúde Perfeita", "Gruta Milagrosa" (de isopor, toda tosca!, rs).
A Bíblia é cheia de retóricas, por isso é um prato cheio para os discursos evangélicos. Muitos desses eventos religiosos são um verdadeiro espetáculo. Alguns pastores falam de modo tão alterado, berrando tanto, que parece até que cheiraram cocaína! (não duvido nada que isso aconteça em alguns casos...). Estes pastores evangélicos são o caso mais gritante de todos, mas todas as religiões se apóiam na retórica, só que de um modo mais "refinado".
DESMENTINDO "VERDADES ETERNAS E IMUTÁVEIS"
Todos nós ansiamos pela verdade. E por isso investigamos por ela. Mas devemos ter muito cuidado para sabermos distinguir argumentos racionais de persuasão retórica. E como comprovar a veracidade de algo? Confrontando com as contingências da realidade.
É preciso que não se tome algo como verdade só porque tem sido repassado pela tradição ou por livros sagrados. Desconfie de todo e qualquer um que se proclame dono de uma Verdade Eterna e Imutável.
Ninguém é o Dono da Verdade - nem eu, nem você, nem os cientistas, nem os físicos, nem os jornalistas, nem os cristãos, nem os muçulmanos, nem os budistas, nem os hindus... Tudo isso - Vedas, física quântica, Bíblia, O Globo, Times, Tranzine - tudo isso é ficção ... A única coisa que sabemos é que não sabemos de nada. Hoje temos algo como algo certo e estabelecido, amanhã veremos que estávamos enganados... Por isso suspeite de pessoas que apresentam muitas certezas.
Proclamar-se portador da Verdade apenas indica a megalomania e pretensão de quem a proclama.
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