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Linhas abstratas
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Edição #9
Rio de Janeiro, 2006

By Lana Hosser

Entrevista com Luciano Vianna, DJ e promoter da festa carioca PLOC

Desde os primórdios até hoje em dia

Banda de Guarulhos que vem agitando a cena metal brazuca

A década que mudou o mundo

Carlota Joaquina feelings...

Combatendo o puritanismo cultural

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“DKANDLE tece paisagens sonoras transcendentes vibrantes e multicoloridas, misturando texturas Shoegaze difusas e reverberantes, meditações Dream Pop hipnotizantes, tons Grunge lamacentos e tensões Post-punk temperamentais, intensificadas com lirismo comovente e vocalizações emotivas e pensativas”

Um certo dia, algumas pessoas pararam bem em frente ao meu apartamento de 1o andar e começaram a fazer um churrasco com pagode no volume máximo. Parecia que o som estava dentro da minha casa de tão alto. Eu não conseguia conversar com a minha mãe sem gritar. Eu não iria aguentar aquilo. Peguei minhas caixas de som, botei na janela viradas pro lado de fora e comecei a tocar Sepultura no volume máximo. Ficou a maior barulheira e isso estragou a festa deles. Em menos de 5 minutos o churrasco acabou, todos foram embora, desliguei o meu som e a paz voltou a reinar...

 

Em outra ocasião um carro com auto falante a toda altura parou na frente de outro prédio onde eu morava, fazendo propaganda de um político, em época de eleição. Eles tiram a sua paz e esperam que você aceite. Bem, eu não aceito. Peguei um ovo e joguei no chão da rua, bem perto deles. Imediatamente eles foram embora. Se ficassem eu iria dessa vez acertar o carro. Ahsifudê.

 

Teve uma época que eu passei uma temporada em Santa Tereza, e eu achava inacreditável o barulho altíssimo de um baile funk que vinha lá de baixo do morro nos finais de semana à noite. Se lá em cima, que era longe do local, eu conseguia ouvir o som, imagina quem morava lá perto... O morador era simplesmente obrigado a sair dali pra poder dormir. Também conheci uma pessoa que mora numa rua no subúrbio onde todo final de semana põem caixas de som gigantes de 3 metros de altura tocando funk e a rua vira um baile aberto. Eu fico inconformado com o sofrimento dos moradores desses locais. São simplesmente obrigados a aturar aquilo. A polícia não faz nada. É ruim de aturar.

Esse barulho constante ocorre em todo o Brasil. Fui em Arraial da Ajuda, na Bahia, e era inacreditável a barulheira de música alta. Gente, quem curte ficar em lugares daquele jeito??? O dono do bar botava uma caixa de som com música nas alturas na entrada do bar dele. Toda vez que eu passava por lá, eu precisava tampar os meus ouvidos com as mãos, de tão absurdamente alta que a música era. O bar vivia vazio, acho que ele espantava os clientes, né?... Também não consegui ir numa certa praia de Porto Seguro porque quando estava chegando lá, conforme me aproximava da praia, ia aumentando o volume de uma música altíssima de axé music. Se antes de chegar na praia, longe ainda de lá, a música já estava alta, na praia então era o Inferno na Terra! Desisti... Além disso, morei um ano em São Paulo, e a barulheira do trânsito era constante. Também morei uma época em Tubarão, Santa Catarina. Todo santo dia passavam carros de som com um locutor fazendo propaganda de estabelecimentos comerciais, o dia inteeeeiro... Era impossível ter paz, éramos constantemente interrompidos por aquelas propagandas altas e odiosas. Um completo desrespeito, e não existe uma única lei na cidade proibindo isso.

E as novelas da televisão? Quase todos os personagens falam berrando. Há necessidade disso?... Não sei quem influencia quem, se é o povo que fala alto e isso se reflete na novela ou se não é a novela que tem esses personagens que sempre falam berrando e isso não influencia as pessoas a falarem assim...

Bem, tudo isso se resume à educação, aliás, isso evidencia a falta de educação do brasileiro médio. No futuro, tenho certeza de que evoluiremos ao ponto de percebermos que tanta confusão sonora é prejudicial a todos. Enquanto isso não acontece... Durma-se com um barulho desses!

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Obrigado!

O título desse texto surgiu de uma conversa com um menino suíço de 5 anos com quem conversei numa praia em Cascais, Portugal. Ele falava português, francês e inglês normalmente. Ele disse, em português, que já havia morado no Brasil. Achei curioso, e perguntei a ele o que ele achou do Brasil. Ao que ele me disse, "O Brasil é muito barulhento!" Foi apenas isso que ele mencionou: O barulho, invasivo e constante. Agora, de volta ao Rio, de repente comecei a prestar atenção ao ambiente ao redor. Realmente, tem muito barulho! Principalmente quando anoitece e todos estão em casa depois do trabalho. Em muitos lugares - a maioria, por sinal - é uma constante mistura de barulho de carros, vozes falando alto, crianças berrando, cachorros latindo insistentemente, buzinas, música alta, fogos de artifício, tiroteio, às vezes tudo ao mesmo tempo!  

Alguns criticam quem acha que o brasileiro é barulhento. Eles acham que isso na verdade é um dom, que querem mais que os brasileiros sejam barulhentos mesmo, pois quer dizer que são alegres, e que são barulhentos porque animam o ambiente etc. Não é sobre este tipo de barulho que estou me referindo. O barulho em questão é aquele chato, desrespeitoso, que agride os ouvidos, que viola o direito ao silêncio do próximo.

 

O absurdo virou rotina. No Rio de Janeiro, o hotel Sheraton, por exemplo, localizado na Praia do Vidigal, tem um sistema de ar condicionado super barulhento. Bem em frente ao ar condicionado do hotel existem alguns prédios e casas. Os seus moradores já cansaram de reclamar com a prefeitura, mas esta nunca fez nada. Os moradores que lutem pra conviver com aquela barulheira 24 horas por dia!

A questão sobre música alta em locais públicos como ônibus, metrô e praia é irritante. As pessoas tocam suas músicas a toda altura e foda-se. Mesmo na madrugada! Alguns até põem as caixas de som na janela viradas pra rua. Eles juram que todos os vizinhos estão se deliciando com a seleção super legal de brega funk do DJ Picão das Galáxias...

Certa vez eu peguei um ônibus no Rio de Janeiro em Ipanema indo para a Ilha do Governador. Eu aproveitava a viagem para ir preparando a aula do curso de inglês onde eu dava aula. Só que um dia um garoto de uns 14 anos estava com um aparelho de som tocando funk com o volume nas alturas no seu aparelho de som portátil, era simplesmente impossível eu me concentrar, e eu precisava ter concentração ali no momento. Não me contive e fui até ele e falei que eu precisava estudar para uma prova e o som alto dele estava me atrapalhando, e que além disso era proibido som alto dentro da condução. A reação dele? Apenas sorriu e continuou com o som alto. Parecia meio drogado. O motorista então parou o ônibus e foi até lá e deu o maior esporro no garoto, falou que se ele não tirasse o som totalmente ele seria expulso do ônibus. Ufa........ Mas para você ver, a falta de noção é surreal, e as pessoas meio que se acostumaram, ninguém reage, uma total resignação. 

Essa barulheira toda também te irrita? Conte nos comentários abaixo

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